Paciente virtual é testado pela primeira vez no Brasil

Com soluções inovadoras desde a chegada ao evento – com a possibilidade de o médico usar um aplicativo para personalizar a programação a partir dos seus interesses – o Congresso da SOCESP, realizado na semana passada, mais uma vez valorizou a clínica, mas abriu importante espaço para a área da imagem cardiovascular e para o ensino. Os mais de 5.500 cardiologistas presentes ao evento, que marcou os 40 anos da entidade, presidida pelo dr. Ibraim M. Pinto, puderam conhecer o paciente virtual, um novo recurso para discussão de casos, com o apoio de simulação de procedimentos e intervenção médica. 

“A simulação da prática clínica no ambiente virtual é mais uma porta que se abre para o melhor acesso ao paciente”, enfatizou Ibraim M. Pinto. Para o dr.  Múcio Tavares de Oliveira Júnior, um dos responsáveis por trazer a tecnologia ao Brasil, o equipamento virtual é uma televisão de 56 polegadas, touch screem, que reproduz uma mesa clínica posicionada na vertical. Dependendo do exame, procedimento ou caso, tem como personagem um homem ou uma mulher.

“A mesa 2D reproduz algumas situações reais, como um paciente com falta de ar ou com dor. Se, na simulação, o cardiologista optar pela realização de um procedimento mais sério, como entubar o paciente, ele aparecerá com um tubo na boca, sedado e conectado ao respirador. É possível até mesmo simular casos de óbitos, embora não sejam adequados, pois o intuito é auxiliar no aprendizado e na discussão de casos clínicos. O instrumento permite a realização de exames como eletrocardiograma, avaliação e medicação de acordo com os sintomas apresentados, proporcionando uma discussão mais realista sobre a situação e não apenas hipóteses", explica o médico.

A tecnologia, que pertence a um grupo português, será utilizada pela primeira vez no Brasil. De acordo com o dr. Múcio Tavares, a inovação é tamanha que alguns dos mais importantes congressos internacionais, como o da American Heart Association, reservam espaço especial para apresentação da simulação. Ainda de acordo com o cardiologista, a mesa virtual é responsável por facilitar a interação no diagnóstico clínico.

“O grande diferencial é a rapidez e a facilidade de ser ter os exames em mãos, direcionando a discussão para uma situação mais realista e evitando possíveis erros. Isso é grande avanço em comparação com os manequins utilizados em simulações de aprendizados médicos. Ela é uma mesa que funciona muito bem para todos os tipos de graduação, discussão de casos e centros de treinamentos, pois é adaptável a diversos níveis de dificuldade, podendo ser programada em graus de complexidade”.

O portfolio de recursos disponibilizados para os médicos em sua rotina e para os estudantes e especializandos cresce continuamente, com iniciativas apoiadas em recursos digitais, na busca de motivar e quebrar as barreiras de interesse dos jovens médicos. Em fase de implementação, a Faculdade de Medicina da USP coordena, por exemplo, o programa de Autopsia Virtual, realizado com tecnologia por imagem, que vai mudar forma de intervir no paciente.