Técnicas de RM podem reduzir a necessidade de anestesia em crianças

Os radiologistas podem reduzir significativamente o tempo de exame e o desconforto associados à RM pediátrica por meio de uma variedade de medidas antes e durante a varredura. Esta possibilidade é valiosa ao passo que crescem as evidências de que a anestesia pode afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo de uma criança. 

A ressonância magnética é uma alternativa eficaz à tomografia computadorizada em imagens pediátricas porque elimina os riscos associados à radiação ionizante, mas muitas vezes requer sedação ou anestesia geral para ajudar a manter os pacientes jovens calmos e imóveis para o exame. Embora os riscos de complicações imediatas de anestesia ou sedação sejam restritos, há uma preocupação crescente sobre potenciais riscos relacionados à neurotoxicidade decorrente de agentes anestésicos. 

“Essa toxicidade é considerada o maior risco quando a anestesia é realizada em crianças, por períodos prolongados e por procedimentos repetidos”, disse o dr. Randall Flick, anestesista da Mayo Clinic em Rochester, nos Estados Unidos, em matéria publicada no portal da RSNA News. O especialista comentou que, nos últimos 15 anos, um crescente número de evidências, principalmente a partir de estudos com animais, mostra que os agentes anestésicos usados na sala de cirurgia colocam um cérebro em desenvolvimento em risco de lesão.

Estudos em animais sugerem que os agentes anestésicos podem afetar a apoptose – o processo pelo qual as células sofrem a morte programada como uma etapa normal do crescimento do cérebro. "Quando você expõe um animal a agentes anestésicos, o número de células cerebrais que morrem torna-se muito maior, causando deficiências na capacidade cognitiva e comportamental desses animais", disse o dr. Flick.

Os estudos conduzidos pela equipe do dr. Flick estão na fase de análise de dados e sustentam  a associação entre a exposição à anestesia e os danos cerebrais. "Esses novos achados mostram uma maior incidência de dificuldades de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade em crianças que foram expostas a drogas anestésicas mais de uma vez antes dos dois anos", disse Flick.

Atenção no preparo do paciente e sala de exame amigável

A ideia de que os pacientes pediátricos devem ser expostos tanto à radiação de CT quanto à anestesia na ressonância magnética representa uma falsa dicotomia, de acordo com o dr. Shreyas Vasanawala, da Stanford University. “Certas técnicas de ressonância magnética podem fornecer uma alternativa viável para CT, reduzindo ou mesmo eliminando a necessidade de sedação e anestesia em pacientes pediátricos”, defendeu.

O dr. Vasanawala sugere evitar a administração de contraste intravenoso, se possível, já que o processo de acesso a uma veia é muitas vezes a parte mais difícil da experiência para a criança. Durante a varredura, técnicas silenciosas de RM e dispositivos de distração como óculos de DVD podem reduzir ou eliminar a necessidade de sedação. Além disso, a sala de exame pode se tornar mais amigável para crianças e um serviço de assistência pode ficar disponível para ajudar a preparar os pacientes para o procedimento.

Novas e melhores abordagens de RM produzem imagens com qualidade diagnóstica enquanto reduzem significativamente o tempo que as crianças precisam ficar no scanner, de acordo com o dr. Vasanawala. Por exemplo, os protocolos de respiração livre podem fornecer informações vitais sobre o estado do coração pediátrico em apenas 10 minutos. No abdômen, tomadas únicas de ressonância magnética fazem um excelente trabalho em casos de suspeita de apendicite, mostrando pus e edema e revelando diagnósticos alternativos como pancreatite.

As aquisições volumétricas têm inúmeras aplicações na imaginologia musculoesquelética. O dr. Vasanawala afirmou que uma varredura volumétrica de seis minutos do joelho pediátrico revelou achados como lágrima meniscal quase tão bem como imagens tomadas em 30 minutos. “Algumas dessas técnicas podem reduzir a profundidade, a duração e a frequência da anestesia”, assegurou o especialista. Com informações da RSNA News.