Medicina intervencionista tem potencial para aumentar segurança para o paciente e qualidade do tratamento

Procedimentos minimamente invasivos possibilitam recuperação rápida e reduzem risco de complicações e tempo de internação.

23 Nov, 2023

Maior precisão em diagnósticos e tratamentos com menos impacto na qualidade de vida para o paciente. Todos os avanços da medicina atual apontam para esta direção – e uma especialidade tem estado à frente dessa evolução. Com o auxílio de exames de imagens, que possibilitam uma ação mais precisa, a medicina intervencionista realiza procedimentos diagnósticos e terapêuticos minimamente invasivos, com potencial de unir benefícios em diversas frentes: da melhora da segurança para o paciente – com recuperação mais rápida, menor risco de complicações e tempo de internação reduzido – à sustentabilidade do sistema de saúde. mercado de cerca de US$ 25 bilhões, mas que deve ultrapassar US$ 40 bilhões em 2030. E os horizontes devem se ampliar ainda mais com avanços tecnológicos, como a inteligência artificial. “Cada vez mais temos softwares que ajudam na escolha do melhor dispositivo, da melhor abordagem de tratamento com base em uma grande quantidade de dados alimentados por usuários do mundo inteiro, como se fosse um ChatGPT especializado para uso médico”, afirma Rodrigo Gobbo, diretor médico do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein.

São muitas as áreas que podem se beneficiar dos conhecimentos e técnicas de um médico intervencionista, mas oncologia e cardiologia são as que mais utilizam. Hoje, inclusive, já se fala na oncologia intervencionista como um dos pilares do tratamento oncológico. “A especialidade consolida a perspectiva de realização de biópsias de forma minimamente invasiva para dar diagnóstico ou até mesmo tratamento de tumores, através do que chamamos de terapias ablativas”, explica Gobbo. O procedimento consiste em utilizar uma agulha diretamente no tumor e matar as células cancerígenas através da temperatura, seja para aquecer ou congelar. “No passado, se um paciente tinha um tumor no rim, o tratamento era cirúrgico, com a retirada do órgão. Hoje, você faz ablação e trata o câncer de rim deste paciente com a mesma eficácia que uma cirurgia”, complementa Denis Szejnfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice). Esse tipo de tratamento tem sido aplicado principalmente em tumores sólidos, em casos de câncer de rim, pulmão e fígado.

Certificação internacional

Ainda em 2003, o Einstein passou a intensificar sua atuação na área da medicina intervencionista, quando implantou um centro totalmente dedicado à área de radiologia intervencionista e tornou-se referência no país pela adoção de tecnologias de ponta no tratamento de diversas patologias. “Visitamos os principais centros de radiologia intervencionista no mundo, apoiados pela alta liderança da nossa instituição, para observar quais eram as tendências principais”, relembra Gobbo. Hoje, segundo ele, há um time multiprofissional, com médicos, enfermeiros, biomédicos e técnicos focados nesse campo, estudando e pesquisando. “Isso cria um ambiente muito virtuoso de troca de informações, de múltiplos especialistas coexistindo. Temos radiologistas intervencionistas, cardiologistas, neurologistas, broncoscopistas e cirurgiões, todos compartilhando ideias e atuando juntos.”

A instituição acaba de conquistar o selo IASIOS (Sistema Internacional de Acreditação para Serviços de Oncologia Intervencionista, na sigla em português), principal certificação mundial de boas práticas e excelência clínica para serviços de radiologia intervencionista que operam intervenção oncológica. É o primeiro centro da América Latina a receber a o reconhecimento e agora passa a ser um dos 18 centros acreditados em todo o mundo. “Foi preciso atingir patamares de qualidade para sermos equiparados aos centros de excelência já consolidados”, compartilha o diretor. “Levantamos evidências de qualidade e mudamos processos internos exigidos, o que nos trouxe muita segurança. A oportunidade de mergulhar nessa operação elevou ainda mais a perspectiva e a qualidade da nossa prática.”

Aplicação prática da medicina intervencionista

A medicina intervencionista tem avançado na esteira de técnicas que demonstram resultados promissores. Um exemplo que surgiu nos últimos anos foi a utilização do procedimento no tratamento de tumores malignos de tireoide. A novidade foi positiva porque, ao preservar a glândula – responsável por liberar e estimular hormônios que realizam diversas funções no organismo –, não há necessidade de terapia hormonal a longo prazo. Isto representa uma melhora na qualidade de vida do paciente e se reflete em ganhos de eficiência no próprio sistema de saúde. A radioembolização foi outro procedimento desenvolvido na última década. Nesse caso, um cateter direcionável vai até a artéria que está fornecendo sangue para o tumor e um quimioterápico é injetado diretamente no local. “São técnicas em que o paciente tem menor necessidade de internação, alta mais precoce, menos mutilação, menos efeitos colaterais”, pontua Gobbo. técnicas minimamente invasivas como objeto. “Foi o primeiro trabalho da América Latina nesse contexto. Hoje, a radioembolização, por exemplo, é um procedimento que pode ser mais caro do que uma cirurgia tradicional, mas olhando ao longo do tempo, esse paciente que passa pela cirurgia comum vai precisar receber sangue, ficar internado, tem maiores riscos de complicação, se ausenta por mais tempo do trabalho. Esse é um tipo de cálculo mais estruturado que já é feito por países desenvolvidos e o Brasil tem melhorado nisso.”

No futuro, como observa Szejnfeld, “talvez seja possível identificar os pacientes passíveis de um tratamento por radiologia intervencionista, mas que não estão recebendo esse tratamento no momento. Seria possível fazer uma integração de laudos de ressonâncias, mamografia, histórico do paciente, tudo de maneira conjunta para identificar o maior número de pessoas que teriam uma possibilidade de se beneficiar disso”. Além disso, há uma nova tendência terapêutica no radar: a teragnose, que une diagnóstico e terapia em um método único. A ideia é, como exemplifica Gobbo, desenvolver uma molécula específica injetável na corrente sanguínea que seja capaz de se ligar ao tumor. Uma vez feito o diagnóstico de imagem, uma segunda molécula é liberada e, ao ser ativada pelo profissional, passa a destruir o tumor atuando de maneira local. O primeiro ensaio em pacientes com câncer colorretal foi publicado este ano no Journal of Clinical Oncology. “Temos tecnologias cada vez mais focadas nisso, cada vez mais pesquisas voltadas para essa área. Nisso, está atrelado o uso da nanotecnologia, biologia molecular, terapia celular e gênica. Há muitas possibilidades a serem exploradas”, aponta.

Repensando a jornada acadêmica

Neste cenário de evolução, repensar o modelo de formação também é uma estratégia de integração e aprimoramento da especialidade. Hoje, ao finalizar a residência médica escolhida, o profissional pode optar por fazer uma especialização em medicina intervencionista e, após um exame de certificação, está apto a atuar. Atualmente, existem 22 centros de formação distribuídos em sete estados brasileiros credenciados pela Sobrice e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). O Einstein é um deles. O presidente da Sobrice reforça a necessidade de estimular a presença dos médicos intervencionistas em outras regiões do país para garantir uma equidade no acesso. “Essa especialidade já está incorporada na rotina de hospitais, mas o Brasil ainda é muito carente nesse sentido. Temos várias cidades que não têm médicos para especialidades mais básicas, quanto mais um radiologista intervencionista.” Para Gobbo, é preciso olhar para a jornada de formação deste médico de maneira mais integrada: “Normalmente é um profissional que vem de outra área, treina durante dois ou três anos, e passa a atuar. Nos Estados Unidos e na Europa isso já tem sido feito, que é formar esse médico a partir do final da escola médica dele, ou seja, estabelecer uma residência em medicina intervencionista e treiná-lo ao longo de cinco anos em todas as modalidades disponíveis, como clínica médica, terapia intensiva e cirurgia, para prepará-lo com mais robustez.”

Fonte: https://futurodasaude.com.br/medicina-intervencionista-einstein/

 

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